Monday, June 3, 2013

Correr 21 aos 42, a corrida.


E finalmente tinha chegado o grande dia. Confesso que estava algo nervoso… a ultima semana de preparação não tinha corrido como devia e falhei alguns treinos importantes, de 18 km e de 12km. Mas sentia-me, e isso acabou por ser o mais importante, capaz de fazer 2 meias maratonas seguidas!
No domingo, o despertar foi cedo.  A viagem para a Régua ainda é longa e carregar a claque de apoio, também conhecida como familia, leva o seu tempo.
Na partida, já estava um camarada de desafio, com o dorsal levantado na véspera e já em estágio. As noticias eram animadoras. A cidade já transpirava, não suor, mas corrida!
Pelo caminho fui mentalmente antevendo as possiveis dificuldades. Além da partida, onde o que interessa, é não ser esmagado pelos “loucos” corredores que querem ir todos á frente, imaginei-me a derreter com um calor louco… a desidratar com falta de água… ter caimbras em músculos que nem sabia que tinha… e a desistir a 100 metros da meta com uma lesão fulminante num tendão! Depois de ter imaginado o pior, só poderia melhorar.
E ai estava o Peso da Régua, simpática cidade plantada junto ao Rio Douro, onde milhares de atletas tinham o seu primeiro desafio…Onde raios vou estacionar o carro?!?

Segunda dificuldade e uma “azelhice” da organização… a Partida seria feita da Barragem de Bagaúste, a 6km da cidade. Com todos os acessos cortados, apenas através dos autocarros da corrida lá se poderia chegar. Ou a pé. Esta segunda hipotese deixou de fazer sentido quando já só faltava uma hora. E á bom Português, a malta só começou a chegar uma horita antes… á paragem do autocarro!


Assim como por milagre a quantidade de camionetas quintuplicou e quando dei conta estava a descer um monte feito louco, a passar por quase 7000 partipantes da mini maratona e a chegar à partida 30 segundos antes de começar a corrida. Aqui, duas dificuldades que não previ… já estava com alguma fome e com uma vontade enorme de me urinar todo…


E “pum” partida!!!
Meio á pressa, comi uma barra que levei  e aguentei a vontade até não poder mais. Que foi ao quilometro 3… Mesmo ali na berma, satisfiz a minha necessidade fisiológia de caráter liquido enquanto centenas de alegres atletas me ultrapassavam… Que alivio!

Durante a corrida:
Nos primeiros km’s a dificuldade é manter uma trajetória. A malta ainda vai muito compacta e os ritmos já são muito diferentes. Ultrapassar e ser ultrapassado é o prato do dia. Quando já ia em ritmo de cruzeiro, passam por nós (a corrida voltava para trás ao km 6) os atletas de elite a um ritmo impressionante. Do nosso lado, palmas e palavras de incentivo. E eu e o Pedro lá iamos á nossa velocidade, vendo alguns sinais de que para alguns, as coisas já não iam muito bem. O ritmo “a passo” era sinal disso!
Ao km 8, uma ultrapassagem a um grupo compacto de corredores, afastou-me do Pedro. Nunca mais o consegui ver! Estava na hora… música nos ouvidos, ritmo controlado e deixa rolar.
Quilometro em quilometro e o primeiro desafio estava superado. 12 km depois a partida estava á vista. A barragem de Bagaúste estava de novo à minha vista. Já só faltavam 9!
A paisagem, a margem do rio Douro é um local excelente para correr.  O percurso falsamente plano (subi  187 metros e desci 211, dados do Garmin) ajuda  a ir em frente. E as curvas não deixam ver o que ainda falta!
O medo do calor também se foi. O valente chuveiro que caiu deu para arrefecer. E da desidratação também. Abastecimentos com água não faltavam. Quando dei conta, o ritmo estava a decair um pouco. Altura para atacar de novo o gel energético que levava. É importante ir bebendo e repondo energias. Se só o fazemos quando estamos no limite, pode ser tarde de mais.
Ao km 18, novo objetivo atingido. Tinha sido a maior distancia que tinha feito num treino. E só três mil e poucos metros me separam da meta. Se até aqui me tinha ido a poupar, estava na hora de atacar… e a régua já estava à vista.
Ao passar a antiga ponte do comboio, convertida num grande passeio pedonal, encontrei a minha fotografa de serviço, que olhava para o horizonte à minha procura e quase nem se acreditava que eu já ali ia, em velocidade acelarada, rumo à meta.


Ainda correu a meu lado para grandes fotos! De seguida, o resto da claque, sogro, sogra e filhote!

E depois, o ultimo quilometro do demônio… Não me acreditando no meu Garmin que me dizia que faltavam 2 km e olhando já para o fim, alarguei a passada. E não é que se passava ao lado da meta, se descia pela avenida em direcção á rotunda  e então ai sim, é que se ia para a chegada? Se durante todos os 20 km anteriores nunca pensei em desistir, este ultimo foi de verdadeira tortura. Passar ao lado da meta e não a atravessar foi a pior coisa que me podiam ter feito. Mas lá investi e ultrapassei a meta com a sensação de missão cumprida. 

A minha chegada! (clicar para abrir link)

Todos os meus objectivos estavam superados!
Consegui fazer a meia maratona, acabei em 1h54m52s, no lugar nº 1986 da geral e em 260 na minha categoria! 
E consegui ir a um restaurante almoçar... afinal a comida de hospital não fez parte do menú:-)

Aqui um ponto negativo para a organização. Todos nós que acabamos a corrida, cansados, suados e a precisar de uns alongamentos, tivemos que estar muito tempo (eu cerca de 40 minutos) numa fila, para entregar o ship e receber os prémios de participação. Fácilmente teria sido evitada esta ultima tortura, se tivessem sido entregues com o dorsal.
No entanto, a corrida em si, com um percurso fácil, bonito e nada maçador, não deve ficar manchada por estes pormenores.

Se alguem me tivesse dito, nos ultimos 20 anos que eu iria correr uma meia maratona, a resposta seria uma grande gargalhada e um “ Estás parvo ou quê?”.

Agora a resposta é… “Será que não faço uma maratona completa?”


2

No comments: