Sunday, April 6, 2008

Pitões Das Júnias

Pitões das Júnias é uma aldeia situada no norte de Portugal, dentro do Parque Nacional Peneda-Gerês, na região de Barroso, Trás-os-Montes. Faz parte do Concelho de Montalegre, Distrito de Vila Real.Sua origem confunde-se com a do Mosteiro de Santa Maria das Júnias, entre os séculos IX e XI.A localização no extremo norte de Portugal, o clima inóspito no Inverno e a consequente imigração contribuíram para que a aldeia mantivesse sua pequena população e o aspecto medieval.


No dia 16 de Março, toque a reunir e os três mosqueteiros foram ver. Combinado quase de véspera, os três suspeitos do costume juntaram-se, Eu, a Sónia e o nosso Sadi!

Inspirados no magnífico livro Passeios e percursos irrepetíveis, de Manuel e Jorge Nunes, lá fomos á aventura para um percurso de cerca de 13 km.
Reforço de pequeno-almoço em Montalegre, e depois de 2.30 horas de viagem, eis-nos no nosso destino.
Esta é uma das aldeias mais características que conheço de Portugal.
E para o provar, nada como para logo na estrada á chegada, deixar passar uma respeitosa manada de Vacas barrosãs de porte respeitoso.

Mais uma vez cometi um erro de principiante… achei que não ia estar frio… afinal já estávamos em Março. Nem um chapéu levei, nem luvas, gorro, nada. E no começa da caminhada, o frio na careca estava a começar a incomodar. Vá lá que afinal não se tornou trágico. Lição a tirar, nem que seja para ficar no carro, mais vale ir prevenido!

Pés ao caminho, seguir o roteiro do livro e força nas canetas.
Ainda na aldeia tivemos contacto com a fauna e flora local.

Primeiro um vitelo que nos passou ao lado, mesmo com focinho de “estes turistas…”
A seguir, um magnífico canito bebé veio nos cumprimentar e desejar bom passeio.
Numa pick up, um focinho de respeito olhou para nós e continuou a sua soneca. Não há pachorra…

Seguindo as instruções do livro, Aldeia fora e rapidamente demos com o caminho.
As nuvens escuras e o frio ”encorajavam-nos” a repensar a caminhada. E umas pinguitas que caiam, ainda mais. Mas fazer tantos quilómetros para nada… Fomos!!!

O percurso estende-se por caminhos de terra ao longo do Planalto, fáceis de seguir e com vistas magníficas.
Aqui podemos notar os estragos feitos pelos diversos incêndios nos últimos anos. Muitas das zonas estão queimadas, destruídas.
Como começa um incêndio no meio do nada? E como se consegue combatê-lo? É tudo contra…
O céu cinzento e o tempo pesado davam nalgumas zonas um verdadeiro aspecto “Blair Witch” á coisa…

Primeira pausa para o almoço, e como não se viam restaurantes interessantes por perto, foi mesmo ali no muro que ladeira o caminho.

Aqui o primeiro momento alto do dia. Mesmo ali ao lado um Garrano, um dos cavalos semi-selvagens do Gerês espreitava a nossa refeição. Curioso, ainda veio pelo caminho, na nossa direcção, mas não deve ter gostado do almoço e voltou para trás. E para onde? Junto da sua enorme família, que almoçava também, por aqueles pastos fora…


Algures por estes lados, a discrição do caminho, não coincidiu com a nossa interpretação e os 13 Km, passaram a 8… Assim como que por milagre a Aldeia apareceu novamente á nossa frente.

Na chegada, ainda tivemos o prazer de nos cruzarmos com um rebanho de pequeníssimas cabras, que dormiam calmamente no seu estábulo. Para nabos como nós, habitantes de cidades, longe destas “visões”, tivemos um verdadeiro momento de ternura… lindos, estes mééééééééééés!!!!


E agora? Caminhada acabada? O gosto á “não era bem isto” estava no ar. Tristes, íamos para o carro. Não tínhamos acabado o que nos tínhamos proposto. Paciência, há-de haver outro dia.
E eis que nos surge um gatito que nos diz…. “miaaauuu miiiiiiauu maaaaau!”

Eu traduzo – “ Então e o Mosteiro, ó nabos? E a cascata? Já que não há Papa em Pitões, vir cá e não ver isto vai dar ao mesmo!”
Obrigado Senhor Gato. Afinal ainda não tínhamos pendurado as chuteiras, neste caso botas!

Aqui, e como não tínhamos completado o nosso primeiro objectivo, existe um trilho, devidamente marcado que começa na Aldeia. Seguimos as marcações e fomos primeiro dar á linda cascata que existe,
desta vez com uma escada em madeira, construção recente, que facilita a vida aos menos aventureiros e não choca com a paisagem. Mesmo assim fiquei com saudades do trilho de pé posto anterior… Novo reforço alimentar, com o barulho ensurdecedor da Água e uma paisagem de sonho. Foto da praxe e direcção ao Mosteiro de Santa Maria das Júnias. A capela ainda está de pé e bem conservada. Do mosteiro em si, apenas restam ruínas, mas suficientes para perceber como seria a vida naquele local.
Quem faz o trilho pela primeira vez e lhe aparece a construção de frente, é sempre uma sensação de … AHHHHHHH!

Depois de uma demorada visita, estava na hora de voltar. O dia aproximava-se do fim… Caminhada até lá cima á aldeia e rumo ao carro.

De facto não existem coincidências. Ao não completarmos a caminhada original, sobrou tempo para ir ver estes “Ex libris” da Zona. Outro dia diferente, bem passado, que chegou ao fim, com aquela sensação de “valeu mesmo a pena”

Aproveitem o que este Portugal têm para nos oferecer, deixem o trânsito, o stress, a poluição.
Caminhem!!! Mas respeitem a Natureza. Ela merece-o.
Para quem queira saber mais sobre este local, espreitem em:

http://www.pitoesdasjunias.com/inicio.html


Curiosidades:
Pitões das Júnias aderiu á tolerância Zero. E quando se diz zero, é zero mesmo!


E casinhas para o correio?
Não para o Correio, pessoa que nos traz as cartas, mas sim o que ele trás. Original.



Para finalizar…
Dedico esta caminhada ás MINHAS BOTAS!

Parece estúpido? Durante 4 anos acompanharam-me sempre, nunca se recusaram a nada e foram comigo para todo o lado, mantendo-me confortável, de pé (bem, a maior parte das vezes, LOL!) e levando muita pancada por mim. Já tenho umas novas para dar a estas o repouso merecido. Resta-me saber quando vou ter coragem para o fazer.

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