Quem se perdeu? Os salvadores?

Perdidos no Gerês?

Vamos lá ver… e no dia 9 de Fevereiro, lá fomos para mais uma caminhada, só para ter a certeza que de facto que não estava mais nenhum montanhista perdido…

Cada vez que subo ás ruínas das Minas dos Carris, duas coisas me acontecem:
Parece sempre a primeira vez! Há sempre algo que eu nunca tinha visto, não estava naquele sítio ou pura e simplesmente nunca tinha reparado…
A segunda… cada vez as ruínas são mais ruínas… é pena não ser possível fazer algo para dar mais dignidade àquele local, ás pessoas que lá trabalharam e quem o visita.
Não digo fazer uma estância, mas algo mais digno, quanto mais não fosse, mais didáctico. Enfim…

Por falta de aderência (como é difícil conciliar horários e vontades da malta!!!) fomos nós 2, eu e a Sónia, para mais uma ascensão, aos 1450 metros, o alto das minas.
A contar com um bocado de frio, ou não fosse o nevão que tinha caído uns dias antes, fomos preparados para tudo… menos ter que fazer a caminhada quase só de T’shirt, tal era o calor que estava.

Arrancamos por voltas das 10h30 da Portela do Homem, sempre atentos a qualquer montanhista que ainda estivesse perdido na neve. Ou qualquer socorrista que se tivesse perdido a tentar socorrer os perdidos montanhistas… LOL…

Desta vez o percurso estava meio estreito. A vegetação dominava as pedras.

Para nosso espanto, 2H50m depois, estávamos no nosso objectivo, a entrada das minas.

E de facto o nevão deve ter sido grande, tal era a quantidade de neve que ainda não tinha derretido.

Desta vez, muita afluência, muita gente lá em cima, cerca de umas 20 pessoas. Em especial um senhor que passou por nós, sozinho, de mão a abanar, vestido como se fosse até ao café, sem sequer uma garrafa de água. E desceu da mesma forma. E vamos nós todos equipados para estas coisas…

A visita teve que ser curta. Já tínhamos iniciado o nosso percurso tarde e não queríamos ser apanhados no caminho de retorno pela noite.

Retemperamos forças, com uma sandocha gigante e pernas ao caminho, não sem antes, andarmos bem á procura dos montanhistas perdidos… e dos seus pretensos salvadores… perdidos também… Mas nada!

Mais uma vez, a volta deu para apreciar a magnifica paisagem do Gerês… e os malditos calhaus que estão constantemente a meterem-se nas biqueiras das nossas botas! E pumba, lá vai chuto no calhau, e pimba pega lá que já tropeçaste!!! Ufa!!!

Quase no fim encontramos duas senhoras que iam já em desespero de causa. Sempre são cerca de 19 KM e mais de 700 metros de ascensão. Claro que custa. Quando dissemos ás senhoras que só faltava cerca de meia hora para chegar, algum ar de alívio se notou, mas que deu rapidamente lugar á expressão… AINDA?!?

E prosseguimos, com mais algumas topadas.
E com umas surpreendentes 2H30M, chegamos ao carro, fresquinhos para outra caminhada… dai a alguns dias, pois!

E os montanhistas perdidos? Nada! E os seus salvadores perdidos também? Á pois, foram de helicóptero!
As coisas que as pessoas inventam para fazer um baptismo de voo!!!

Duas caminhadas que tão cedo não me vão esquecer…

A primeira, com um frio enorme, totalmente mal preparados e equipados… sem saber o que nos esperava.
Safou-se o melhor café salsicha do mundo!

A segunda, uma aventura que começou no Xertelo, quase que acabava num fracasso, perdidos que estávamos (e a 100 metros das minas em linha recta…), acabamos acampados debaixo de um nevão, e se soubéssemos, ligavamos ao 112!

Quem sabe tínhamos sido notícia na altura!!!

Todos estes meus companheiros de aventuras, estão de alguma forma mais longe de mim…
Mas todos eles sempre terão SEMPRE um lugar muito especial cá dentro…

Um abraço muito especial para o João Bento, "exilado" na madeira.

Para o mau feitio do Zé, companheiro de muitas e boas aventuras.

Para o Armando, que nunca mais se meteu noutra.

E um Beijinho grande do tamanho do mundo, para a minha "litlle" Andreia, que tão mal me tenho portado com ela...