Friday, March 27, 2009

Era mesmo normal!

Estavamos todos à mesa , prontos para lanchar e alguém pergunta:
Já cá comeste um crepe, não? Era bom?...

De repente vejo-me catapultado para as primeiras horas da manhã desse dia...

Nada como acordar atrasado... muito atrasado. Já não me lembrava de estar quase com uma hora a mais em cima...
Hoje era dia de irmos aos currais. Nada de ordenhar animais, mas sim fazer o trilho dos Currais no Gerês. Não fazer com tijolos e cimento, mas caminha-lo...

http://www.cm-terrasdebouro.pt/trilhos/trilhos.htm

Depois de recolher a malta, ou seja o Sadi, a Liliana, o Jorge, eu mesmo e a minha cara metade Sónia, quase à velocidade da luz fomos parar à Vila do Gerês.
Tomamos o nosso reforço matinal, que deu direito á primeira piada do dia. O Jorge ia tomar um café. Coisa normal. Mas a Liliana achou que eram cafés a mais... e a sugestão foi – “ TOMA UM PINGO!”. Que nem leva café nem nada.
Estava libertado o stress do atraso graças a mais umas boas gargalhadas...

Facilmente demos com o inicio do percurso, mesmo junto ao parque de campismo do Vidoeiro, no caminho da Vila para a fronteira.


Mal entramos no percurso, algo dissimulado pela vegetação (ainda bem que tinha uma placa a apontar), entramos num mundo mágico... e inclinado!!! Parte do caminho é feito a subir... muito. Tem tanto de inclinação como beleza.


À medida que íamos avançando, tivemos noção de como este Inverno foi rigoroso, tal era a quantidade de arvores partidas pelo caminho.





O caminho quase a pique obrigou a algumas "peripécias" acrobáticas e a um rápido tirar de roupa, já que o calor corporal aumentou à velocidade da inclinação.




Depois de quase chegarmos ao topo do Everest, a paisagem mudou radicalmente. Entramos numa zona de planalto, com uma vegetação com um misto de belos e enormes pinheiros, alternados com estranhas formações rochosas.





Pois, e estava na hora... na hora de quê?
DE COMER!

Aquela subida acabou com as reservas de energia. Ainda bem que as mochilas estavam carregadas. Escolhemos um lugar na esplanada do restaurante e mesmo sem nos porem a mesa, ou trazerem a lista, atacamos o lanche.




E depois do almoço, nada como um belo de um café, tradição que por exigência de todos se têm mantido!




Sem sabermos, tivemos uma visita surpresa ao almoço... O Padre Nepomucemo, de Drave, veio fazer uma visita.
E desta vez o Sadi não trouxe o pau da caminhada para o expulsar... e foi ele a primeira vítima. Mal viu uma árvore no chão, voltou ás origens, com uma tentativa de macacada... sem muito sucesso. Cantou o "I'm the king of the world", não no Titanic, mas em cima de um minúsculo calhau, e achou que conseguia atravessar um riacho à Robin dos Bosques.


Vai dai, eu disfarcei-me logo para ver se conseguia passar despercebido...
Onde está o Wally? Ou eu mesmo?
Completamente camuflado ao nível das melhores tropas especiais do mundo... quem sabe do universo...


Sempre com a alegre companhia do Padre, retomamos o caminho, desta vez ao som da música da arvore da montanha, que tinha uma pássaro, que tinha uma pena, que tinha um indio, que tinha uma tenda, que tinha uma rocha e mais sei lá o que, cantada pelo Sadi, Sónia e Nepomucemo.

Próxima paragem, miradouro da Pedra Bela, onde as vistas são de cortar a respiração. Quem ainda tinha dúvidas que o Gerês é uma das mais belas regiões de Portugal, que as perca!

Como tudo o que sobe desce, depois do miradouro foi sempre para baixo. Que o diga o Sadi, que se lembrou de tropeçar, quem sabe com uma ajuda do Nepomucemo, aqui apanhado graças ao replay voluntário da coisa.
Ia ser muito chato atirá-lo eu ao chão para poder tirar a foto!

Com mais umas curvas, descidas e tropeções demos de caras com a Vila do Gerês, cada vez mais recuperada e atractiva para quem quiser passar uns dias sossegados. O centro quase em ruínas, deu lugar á recuperação das termas e dos hotéis, assim como de alguns cafés e restaurantes. E ainda bem.


E ele ai estava. Mesmo que estivéssemos distraídos, o fim do percurso em formato de placa apareceu mesmo á nossa frente...


E nos meus ouvidos tornaram a ouvir a pergunta...

"E o crepe? era bom ou não?"

Aterrei outra vez no café. Afinal não tinha sido um sonho, mas sim mais um magnífico dia bem passado.

E respondi!

"Era... mesmo... NORMAL!!!!!

Esta caminhada, apesar de acessível para todos, exige alguma preparação física. A subida inicial e a descida final exigem algum esforço. Mas que é largamente compensado pela beleza e variedade do percurso.

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